quinta-feira, 27 de junho de 2013

Olhos Fechados

 
Não há quem não feche os olhos ao cantar a música favorita. Não há quem não feche os olhos ao beijar. Não há quem não feche os olhos ao abraçar. Fechamos os olhos para garantir a memória da memória. É ali que a vida entra e perdura, naquela escuridão mínima, no avesso das pálpebras. Concentramo-nos para segurar a dispersão, para segurar a barca ao calor do remo. O rosto é uma estrutura perfeita do silêncio. Os cílios se mexem como pedais da memória. Experimenta-se uma vez mais aquilo que não era possível. Viver é boiar, recordar é nadar.

Fabrício Carpinejar

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá! Agradeço imensamente sua visita e seu comentário, são realmente muito importantes para mim. Seja sempre bem vindo! Luz e paz.